1984 – Resenha

Podem ler à vontade, resenha sem spoilers!

Com certeza um dos livros mais interessantes que já li, sobre uma realidade alternativa que poderia ser a nossa realidade atual.

1984 é um livro onde a história se passa em…. WAIT FOR IT…. 1984!

Num mundo onde tudo é controlado pelo Grande Irmão , George Orwell conta história de Winston Smith, um funcionário do Ministério da Verdade,  cheio de segredos e conflitos pessoais, principalmente referentes a toda a vigília da teletela e da Polícia das Ideias.

Bom, a primeira coisa que quero destacar desse livro é o Grande Irmão. Para quem não sabe, foi por causa desse livro que o reality show Big Brother surgiu.

Melhor dizendo, a ideia do reality se baseou no Big Brother do livro: ser vigiado, fazer o que ele manda… mas na história, você não ganha prêmios por isso.

Por favor, não culpem George Orwell, estamos cansados de ver coisas boas se transformando em coisas péssimas. Se você é fã de Big Brother e se ofendeu com meu comentário, peço perdão. Sorry…. not sorry.

A ideia do Grande Irmão é simples: vigiar. Vigiar tudo o que os cidadãos fazem, e se possível, pensam. E por isso existe a Policia das Ideias.

A Polícia das Ideias está lá para patrulhar tudo que as pessoas fazem, e muita vezes receber denúncias de alguma conduta suspeita. Um exemplo: filhos acusando os pais de pensamentos duvidosos relacionados ao Grande Irmão.

Ou seja, você não pode nem pensar contrario das ideias impostas pelo Grande Irmão…. lhe parece familiar?

Qualquer conduta duvidosa, algum comportamento suspeito, tudo pode ser um perigo para o cidadão em 1984.

O que não é muito diferente dos dias atuais. Principalmente com a internet.

Claro, temos a necessidade de sermos vigiados para nos sentirmos mais protegidos, mas ao mesmo tempo estamos a mercê dos julgamentos – muitas vezes equivocados e com ódio gratuito – baseados no que gostamos e com quem convivemos.

No livro, expressar sua opinião é altamente perigoso. Não é apenas perigoso, não existe essa opção. Você não tem sua opinião. Você tem a opinião que o Grande Irmão diz ser a certa.

Guerra é paz.
Liberdade é escravidão.
Ignorância é força.

Voltando ao nosso personagem principal, Winston é apenas mais um homem comum, com necessidades comuns, que se submete às ordens que saem da teletela.

Ele tem um cargo extremamente interessante no Ministério da Verdade, que nos faz perceber que o Grande Irmão não tem influencia apenas nos acontecimentos do presente.

Apesar de Winston ser o personagem principal, acho que é apenas uma maneira de ter alguém para nos focarmos. Na verdade, o personagem principal é o Grande Irmão. A novafala. A Polícia das Ideias. Winston é a pessoa que a gente acompanha vivendo toda essa ditadura disfarçada, e vendo todas as consequencias que as pessoas sofrem com seu pensamento-crime.

Mas tia, o que é pensamento-crime?!?!?!

Antes de explicar, acho importante falar um pouco sobre Novafala (em algumas traduções vocês também podem achar como Novilíngua). Quero começar dizendo que sou grande fã quando existe um “novo” vocabulário na história. Ou simplesmente um vocabulário de uma espécie ou cultura diferente retratada no livro. Alguns exemplos de vocabulário fictício (literatura e cinema): Senhor dos Anéis e O Hobbit, Game of Thrones, Avatar, Star Trek, Star Wars, Harry Potter, Laranja Mecânica, e é claro, O Guia do Mochileiro das Galáxias (dupal é uma das minhas palavras favoritas).

Mas diferente dos idiomas de todas essas histórias, a Novafala surge para substituir o idioma atual. É um idioma que limita o vocabulário das pessoas, que tira ainda mais a liberdade delas – porque não basta a liberdade de agir, a de falar também tem que estar inclusa – e a palavra pensamento-crime faz parte desse vocabulário, e é o mais obvio: um pensamento que vai contra os ensinamentos do Grande Irmão.

“O pensamento-crime não acarreta a morte. O pensamento-crime é a morte”

Melhor de tudo: no fim do livro tem páginas e mais páginas sobre Novafala. Explica como ela foi criada, o porquê, e dá vários exemplos de modificações de palavras, e desaparecimento de algumas para deixar o idioma ainda mais resumido.

Tem muitas outras coisas que gostaria de comentar com vocês, mas não quero correr o risco de spoilers. Quero que vocês leiam, se interessem! E pra quem já leu, compartilhe conosco nos comentários qual a parte favorita. Se for um spoiler muito grave, deixem avisado!

E pra quem quiser conhecer um pouco mais sobre George Orwell, algumas de suas obras são:

A Revolução dos Bichos

A Filha do Reverendo

Dias na Birmânica

A flor da Inglaterra

Em tempos de engano universal, dizer a verdade se torna um ato revolucionário.

Bom, espero que tenham gostado! A primeira resenha da coluna foi O Salmão da Dúvida, então caso você não tenha lido, corre lá, é sem spoilers também =D

Próxima resenha: Admirável Mundo Novo e prometo não demorar tanto.

P.S.: Para quem não sabe, V de Vingança tem influências da história do livro 1984. Então se você já leu o quadrinho ou assistiu o filme (e ainda recomendo o quadrinho), já tem um pouco do gostinho do que é essa maravilha =)