The Final Problem – Resenha
My Baker Street boys.
Um episódio cheio de opiniões divididas: muitos odiaram, outros amaram.
Já peço desculpa para muitos, mas eu adorei. Adorei o roteiro, a interação dos personagens, e principalmente o trabalho psicológico de toda a história.
Essa com certeza foi uma temporada que foi a fundo no emocional dos personagens, e esse último episódio mostrou ainda mais o quanto a mente pode ser fraca – e por incrível que pareça, a própria mente do Sherlock é mais fraca do que imaginávamos.
Ok, fraca é, ironicamente dizendo, uma palavra muito forte. Devemos lembrar do Mind Palace do Sherlock e como ele o usa. E caso você não saiba do que estamos falando ou não entende bem sobre, assista o vídeo:
(vídeo em inglês, mas se ajudar dá para colocar a legenda em inglês)
No caso do Sherlock, o Mind Palace dele é trabalhado para memorizar o que é mais agradável para ele, como mostra na cena em que ele descobre que não foi o cachorro que desapareceu, e sim o melhor amigo dele. Ele queria um cachorro, e lidar com a morte de um amigo seria demais para suportar, principalmente para uma criança.
Da mesma forma que ele nem lembrava da existência da irmã. A mente dele fez questão de guardar o que era mais agradável e relevante para ele, o que é bem comum em experiências traumáticas. Aliás, o próprio Mycroft fala o quanto Sherlock era diferente quando criança, e depois do incidente com Redbeard, ele mudou completamente, e se fechou.
Uma das coisas que muito falaram sobre esse episódio era que tudo que Eurus fez foi magia. Bitch, please Gente, por favor, por que teria magia em Sherlock? Tudo bem que temos Moffat escrevendo, mas isso não é Doctor Who, e está bem longe de ser!
Algumas das grandes críticas é o fato de que Eurus conseguiu manipular todos de Sherrinford para fazer o que ela queria. O que na verdade, não é o caso (pelo meu modo de ver). Vamos analisar a situação:
Nó vídeo, ela está conversando apenas com o Governador, e ela vai brincando com a mente dele, e ao mesmo tempo falando sobre sua esposa, o que é uma forma de manipulação via ameaça, por assim dizer. Ela não precisaria manipular todos que trabalhavam lá, e sim apenas a pessoa que está no comando. Os outros apenas obedecem.
Acredito que sua influência possa ter chegado até outros que trabalhavam lá que, apesar de várias opiniões, não era um lugar cheio de trabalhadores, portanto não havia um grande número de pessoas para serem atingidas por ela.
Nota-se também a influência dela com a forma que ela trabalha com Sherlock. Ele não notou que o vidro não estava lá! Podemos esperar isso de qualquer outra pessoa, menos do Sherlock. E vamos lembrar… ele é considerado o menos inteligente dos irmãos, então entre eles isso é aceitável.
Outra coisa importante: o quanto Moriarty foi uma influência para ela e vice-versa? Foi deixado claro que o seu comportamento foi afetado logo após seu “presente de natal”. Conhecemos a inteligência de Moriarty, então é fácil de deduzir que um saberia trabalhar bem com que o outro tinha para dar. E foi exatamente o que eles fizeram e o que podemos ver nesse episódio. Principalmente quando o assunto em comum é afetar Sherlock.
Além de eu ter achado essa cena linda, isso é um exemplo de um trabalho mental onde a pessoa se assemelha a outra como forma de aproximação.
E ele foi atingido de todos os lados possíveis! Ver alguém se matar enquanto sua irmã mata uma pessoa apenas por diversão, pelo desafio; ter que escolher então seu irmão e seu amigo e pensar em se matar para se abdicar da escolha, e o senso de proteção com Molly, mesmo vendo ela sofrer ao dizer algo tão importante para ela.
Outra reclamação foi não ter mostrado o desfecho dessa situação. Mas a intenção não era essa desse episódio, não era mostrar a relação de Sherlock com os outros personagens, e sim como ele lidava com seus desafios e suas emoções, e podemos ver isso muito bem quando ele quebra o caixão, da mesma forma que ele reage quando fala para Mycroft que, o fato de ser um assunto de família é um motivo ainda maior para Watson participar da conversa.
E sobre o final: Eurus era uma criança. Nunca deixou de ser. Uma das coisas que normalmente é comum com pessoas que tem algum problema psicológico é, além de ser muito inteligente, costuma ter um comportamento infantil. Ela sente prazer em manipular as pessoas, ver qual o limite da sua influência, mas ela continua sendo a criança que quer atenção, quer participar das brincadeiras do irmão, quer ser amada.
Ninguém esqueceu o que ela fez. Ninguém esqueceu das mortes e de tudo que ela causou, e por isso mesmo ela voltou a ficar presa, mas agora com a família presente, dando a atenção que ela tanto precisava.
Como o próprio Sherlock fala, ela está sozinha, acima de todos, Ela sabe o quanto é inteligente, e ninguém a alcança, mas ela também não sabe como controlar, como chegar ao alcance de todos, e vai chegando com violência, como um avião caindo. Esse era o Mind Palace dela.
Podemos colocar um pouco a culpa no Mycroft? É inevitável, já que ele a usava para “assuntos” do governo, e ela se aproveitou bem disso.
The Final Problem, originalmente, é o livro onde Sherlock morre. Ele e Moriarty se enfrentam em Reichenbach Falls e os dois acabam caindo da cachoeira e morrendo. Conan Doyle pretendia finalizar as histórias de Sherlock com esse livro, mas a comoção foi tanta que ele acaba “ressuscitando” o detetive. Os fãs não queriam que as histórias acabassem.
Aliás, você pode até ver uma imagem da cachoeira na série:
Muitos reclamaram do fato de ter surgido essa irmã Holmes, mas acho que foi a maneira de também não ressuscitarem Moriarty, (mas aposto que muitos acharam que isso tinha acontecido antes do “five years ago”).
Ou será que ele morreu mesmo:
Podemos dizer que The Final Problem é o fim da série. Mas o próprio Moffat declarou que outras histórias podem surgir. O final do episódio foi um ótimo final para a série, mas não impede de continuar as aventuras da dupla.
P.S.: Claro que Mrs. Hudson gosta de Heavy Metal.
P.S².: a narração da Mary no final do episódio, para mim, foi um toque perfeito. E agora a história vai ser diferente, com um Sherlock mais humanizado. Esse é um novo começo para os “garotos de Baker Street“.
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