Douglas Adams era politizado?
E como seria se o escritor estivesse vivo com a política atual dos EUA?
Com os dois debates presidenciais norte-americanos da semana, e incredulidade geral para as opções, não surpreende que uma das citações mais conhecidas de Douglas hoje em dia se assemelha com a política presidencial. A citação em “O Restaurante no Fim do Universo”, segundo livro da trilogia de cinco se tornou onipresente:
“O principal problema – um dos principais problemas, pois são muitos -, um dos principais problemas em governar pessoas, está em quem você escolhe para fazê-lo. Ou melhor, em quem consegue fazer com que as pessoas deixem que ele faça isso com elas.
Resumindo: é um fato bem conhecido que todos os que querem governar as outras pessoas são, por isso mesmo, os menos indicados para isso.
Resumindo o resumo: qualquer pessoa capaz de se tornar presidente não deveria, em hipótese alguma, ter permissão para exercer o cargo.”
Vale a pena perguntar: Adams era politizado de uma maneira ortodoxa – ou não ortodoxa? E o que Adams falaria sobre esse cenário político americano nos últimos dias?
Adams se assemelhava a muitos outros escritores: Ele acreditava em algumas causas, mas ele não demonstrava nenhuma fidelidade política junto à essas causas.
N’O Guia do Mochileiro, por exemplo, ele surgiu com uma citação que pode ser considerada uma das expressões mais elegantes sobre um tipo de ateísmo feliz junto com seu amor pela terra: “Não basta apreciar a beleza de um jardim, sem ter que imaginar que há fadas nele?”
No clima político atual nos Estados Unidos, o ceticismo religioso e ambientalismo faria com que Douglas Adams fizesse parte do que chamamos de esquerda. Mas ele também era cético com relação à sindicatos. No começo d’O Guia vemos a casa de Arthur Dent prestes a ser demolida para a construção de uma rodovia… um pouco antes de a Terra ser destruída para a construção de uma via intergaláctica. Isso parece um pouco com alguém que esteja frustrado com ação do governo e que poderia facilmente ter derivado ligeiramente ao libertarianismo, se ele tivesse vivido o suficiente.
Adams provavelmente estaria perplexo com a truculência na política de direita nos dias de hoje; ele era gentil demais para dar alguma resposta a todas as maldades de Donald Trump. Mas ele também era cético do socialismo e com pensamento contemporâneo que só têm crescido desde que ele era jovem.
Um de seus mentores em Cambridge era George Watson, um filósofo que foi, em muitos aspectos, um centrista e em algumas maneiras resistente ao esquerdismo acadêmico. “Durante as grandes transformações em estudos de inglês dos anos 70 e 80”, de acordo com um dos colegas do professor, “Watson era firme no campo tradicional, com pouco tempo para relativismo e sem tempo algum para desconstrução.”
É difícil imaginar Adams sendo um apreciador de qualquer um deles.
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