Essa é a primeira vez que isso acontece no reino animal.

Como membros de uma gangue de rua, os golfinhos machos convocam seus amigos quando chega a hora de atacar e saquear – ou, no caso deles, capturar e defender fêmeas no cio. Um novo estudo revela que eles fazem isso aprendendo os “nomes”, ou assobios de assinatura, de seus aliados mais próximos – às vezes mais de uma dúzia de animais – e lembrando quem consistentemente cooperou com eles no passado. As descobertas indicam que os golfinhos têm um conceito de participação em equipes – visto anteriormente apenas em humanos – e podem ajudar a revelar como eles mantêm sociedades tão intrincadas e unidas.

“É um estudo inovador”, diz Luke Rendell, ecologista comportamental da Universidade de St. Andrews que não esteve envolvido na pesquisa. O trabalho adiciona evidências à ideia de que os golfinhos desenvolveram grandes cérebros* para navegar em seus ambientes sociais complexos.

Golfinhos machos normalmente cooperam como um par ou trio, no que os pesquisadores chamam de “aliança de primeira ordem”. Esses pequenos grupos trabalham juntos para encontrar e encurralar uma fêmea fértil. Os machos também cooperam em alianças de segunda ordem compostas por até 14 golfinhos; estes se defendem de grupos rivais que tentam roubar a fêmea. Algumas alianças de segunda ordem se unem em alianças de terceira ordem ainda maiores, fornecendo aos machos desses grupos chances ainda melhores de ter aliados por perto, caso seus rivais ataquem.

Mas como os machos rastreiam todos nesses grupos complexos?

Os cientistas argumentaram que seus assobios são fundamentais. Cada golfinho aprende um assobio exclusivo com sua mãe, que guarda para o resto da vida; golfinhos reconhecem e lembram os assobios uns dos outros, da mesma forma que reconhecemos os nomes uns dos outros.

Para investigar mais a fundo como os golfinhos machos usam seus assobios, King e seus colegas se voltaram para uma população de golfinhos-nariz-de-garrafa (Golfinho-roaz) do Indo-Pacífico (Tursiops aduncus) que vivem nas águas incrivelmente claras de Shark Bay. A equipe rastreia os animais com uma série de microfones subaquáticos desde 2016, permitindo que eles identifiquem qual golfinho produz qual apito.

De 2018 a 2019, os pesquisadores colocaram um alto-falante debaixo d’água e jogaram assobios de machos para outros machos em suas várias alianças. Esses golfinhos tinham idades entre 28 e 40 anos e estiveram nesses grupos por toda a vida. Enquanto isso, os cientistas usaram um drone para filmar as respostas dos golfinhos.

Os pesquisadores esperavam que os golfinhos ao ouvirem o apito de seus parceiros de primeira ordem reagissem com mais força. Mas quando eles analisaram os vídeos, eles descobriram que as respostas mais fortes vinham de machos nas alianças de segunda ordem dos golfinhos – animais que tinham uma história de cooperação constante de lutar contra atacantes com eles (como visto no vídeo).

“Foi tão impressionante”, diz Stephanie King, principal autora do estudo. “Em 90% dos experimentos, os golfinhos que ouviram assobios de membros da aliança de segunda ordem se voltaram imediatamente e diretamente para o orador.” As descobertas, diz ela, sugerem que os golfinhos – como os humanos – têm um “conceito social de participação na equipe, com base no investimento cooperativo anterior de um indivíduo, e não em como são bons amigos”.

 

Chegamos à conclusão de que, quando os golfinhos forem embora, eles irão em grupos, um avisando o outro que o desastre está chegando. Isso se eles já não estão indo.

*Sua inteligência só não supera a dos ratos
Vi no Science Mag
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May

Uma whovian que nunca esquece de levar sua toalha na TARDIS e nunca dispensa uma xícara de chá. Ainda acha que vai encontrar a pergunta fundamental sobre A Vida, o Universo e Tudo o Mais em alguma viagem no tempo ou no espaço.