O projeto revela uma linguagem universal das abelhas, independentemente da localização ou subespécie.

 Os cientistas criaram um codex que concede aos pesquisadores de todo o mundo uma compreensão universal da “dança ondulante” das abelhas, mesmo em diferentes subespécies e habitats.

Em pesquisa publicada na revista Animal Behavior, o entomologista Roger Schürch e colegas da Virginia Tech nos EUA apresentam um novo modelo para a calibração da “dança” pela abelha (Apis mellifera), que incorpora ruído, ou variação individual no comportamento das abelhas.

A dança waggle (balançar, sacudir) foi descrita pela primeira vez pelo etologista Karl von Frisch há mais de 60 anos. Desde então, tem sido usado pela comunidade científica de abelhas para interpretar como os insetos comunicam as forragens preferidas e a localização dessas fontes de alimento.

Mas Schürch e seus colegas sabiam que o método von Frisch deveria ser atualizado.

Em 2014, enquanto estudavam mudanças sazonais na busca por alimento feita por abelhas no Reino Unido, Schürch e a co-autora Margaret Couvillon, desenvolveram seu próprio sistema de calibração de distância usando a subespécie A. mellifura mellifura. O método mostrou maior capacidade de incorporar variação no comportamento de forrageamento, sustentado pelo aumento da compreensão da inteligência das abelhas.

 

“É preciso muito tempo, esforço e despesas para realizar esse tipo de estudo”, diz Couvillon. “Nós decodificamos danças, tudo à mão.”

 

Seu exaustivo processo de calibração envolve a marcação de abelhas, filmando seus movimentos e acompanhando os insetos nas viagens de forrageamento.

 

“O que também torna nossa pesquisa diferente é que treinamos muitas abelhas e seguimos grandes distâncias”, acrescenta Schürch. “Você pode treinar abelhas para ir a um alimentador e movê-lo cada vez mais longe.”

 

Depois de se mudar para os EUA, o casal se juntou a outros pesquisadores na aplicação da mesma metodologia de calibração de distância-duração para outra subespécie A. mellifera ligustica.

Para o estudo da Virgínia, a equipe analisou as danças de 85 abelhas marcadas de três colmeias.

Esses resultados foram então comparados com outros estudos de calibração, e embora houvesse diferenças entre as populações em como eles se comunicam, não importa da perspectiva das abelhas, diz Schürch.

“Não podemos distingui-los em termos de como eles traduzem essas informações”, explica ele.

“Há uma enorme sobreposição. Com efeito, uma abelha da Inglaterra entenderia uma abelha da Virgínia e encontraria uma fonte de alimento da mesma maneira com uma taxa de sucesso semelhante”.

 

Schürch e Couvillon então reuniram seus dados com todos os estudos semelhantes publicados para gerar uma calibração universal que incorpora as diferenças interindividuais e de inter-estudos.

Os resultados confirmaram que seu modelo funciona como um “Babel Fish” – o peixe babel, em uma referência ao tradutor universal do Guia do Mochileiro das Galáxias – permitindo que pesquisadores de abelhas entendam o comportamento das abelhas e requisitos ecológicos universalmente.

“Achamos que esta pesquisa pode permitir que as abelhas sejam usadas como bioindicadores”, diz Couvillon.

“As abelhas podem nos dizer em alta resolução espacial e temporal onde a forragem está disponível e em quais épocas do ano. Então, se você quiser construir um shopping por exemplo, saberíamos se o habitat de polinizadores primários seria destruído. E, onde as abelhas forrageiam, outras espécies alimentam-se também. Os esforços de conservação podem continuar.”

Via Cosmos Magazine

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May

Uma whovian que nunca esquece de levar sua toalha na TARDIS e nunca dispensa uma xícara de chá. Ainda acha que vai encontrar a pergunta fundamental sobre A Vida, o Universo e Tudo o Mais em alguma viagem no tempo ou no espaço.