“The Meaning of Liff ganhou vida como um exercício de inglês que tive de fazer na escola e que então, quinze anos mais tarde, John Lloyd e eu transformamos numa brincadeira. (…) Era simplesmente o seguinte: (…) alguém diria o nome de uma cidade e uma outra pessoa diria o que a palavra significava. (…) Rapidamente descobrimos que havia um número terrivelmente grande de experiências, ideias e situações que todos sabíamos e reconhecíamos, mas que nunca antes haviam sido propriamente identificadas porque não existiam palavras para elas.

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E assim surgia um dos livros mais engraçados e inteligentes de nosso saudoso Douglas Adams. Difícil não se identificar com os verbetes dessa obra que mais tarde teria uma versão ampliada intitulada The Deeper Meaning of Liff.

Ao final desse artigo, você poderá degustar uma amostra do conteúdo desse dicionário da vida real, como afirmou o próprio Adams na introdução de uma das publicações desse livro.

Na vida, há várias centenas de experiências, sentimentos, situações e, até mesmo, objetos comuns que todos conhecemos e reconhecemos, mas para os quais não existe uma palavra. Por outro lado, o mundo está infestado com milhares de palavras sobressalentes que passam o tempo todo sem fazer nada além de vadiarem por aí em postes de sinalização apontando para lugares. Nosso trabalho, como o vemos, é retirar essas palavras dos postes de sinalização e colocá-las nas bocas dos bebês e criancinhas e assim por diante, onde elas possam começar a ganhar o seu espaço nas conversas do dia-a-dia e fazer uma contribuição mais positiva para a sociedade”.

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Divirtam-se um pouco e deixem seus comentários. Quem sabe não traduzimos mais alguns verbetes.

A

Abilene (adj.)

Descritivo do frescor agradável do lado contrário do travesseiro.

Abinger (s.)

Aquele que lava toda a louça exceto a frigideira, o ralador de queijo e a caçarola em que a calda de chocolate fora preparada.

Abruzzo (s.)

Área de chão desgastada embaixo de um balanço infantil.

Ahenny (adj.)

O modo como alguém se comporta quando examina a estante de livros de uma outra pessoa.

Ainderby Steeple (s.)

Aquele que faz uma pergunta com o aparente motivo de querer ouvir a sua resposta, no entanto interrompe sua frase inicial curvando-se na sua direção e dizendo: “E vou te contar porque lhe perguntei isso…” e então fala substancialmente pela próxima hora.

Albacete (s.)

Um pêlo único e surpreendentemente longo que cresce no meio do nada.

Alcoy (adj.)

Vontade de ser forçado a tomar mais uma bebida.

Alltami (s.)

Arte ancestral de ser capaz de equilibrar os registros de quente e frio em um chuveiro.

Ambleside (s.)

Conversa proferida por um pai ao seu filho sobre a Realidade da Vida enquanto caminham no jardim em uma tarde de domingo.

Amersham (s.)

Espirro que faz cócegas mas nunca vem. (Acredita-se que a origem venha da estação de metrô do Metropolitan Line de mesmo nome, onde os trilhos crepitam mas o trem nunca chega)

Ampus (v.)

Um machucado visível que você não consegue lembrar como conseguiu.

Ardelue (v.)

Fazer uma grande encenação de procurar em todos os seus bolsos quando da aproximação de um coletor de caridade.

Ardentinny (s.)

Aquele que esfrega as mãos juntas fervorosamente ao sentar-se em um restaurante.

Aubusson (s.)

O estilo de cabelo adotado por uma garota em ocasiões especiais que lhe dá a sensação de como ela será daqui a vinte anos.

Aynho (s.)

Diz-se do fato dos garçons nunca terem uma caneta.

Written By

Carlos Eduardo

Meu nome é Carlos Eduardo e já completei 37 primaveras. Meu sonho é ter um robô de estimação e viajar o mundo em um balão.